O I Encontro do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) ocorreu nesta quarta-feira (28), no auditório Lindalva Macuxi.
O evento tratou da constituição do Comitê, suas ações e atribuições, e marcou um passo importante para a organização. Contando com a participação de lideranças indígenas representantes de todas as regiões de atuação do CIR, o vice-tuxaua Paulo Justino e representantes de todos os departamentos do CIR, a reunião teve início com uma dinâmica proposta por sua coordenadora, Sineia do Vale, para mapear o entendimento dos temas climáticos pelo ponto de vista das comunidades.
O Comitê, lançado no dia 8 de maio durante o V ATL/RR, integra o Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC) da instituição. Sineia do Vale, coordenadora do DGTAMC, coordenadora nacional do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC) e copresidente do Caucus Indígena da Convenção do Clima, destacou a importância desse momento. “Desde 2010, o CIR trabalha com esses temas nas comunidades — adaptação às mudanças climáticas, estudos de casos. No Comitê, temos representantes de cada região e departamento da organização e, mais uma vez, o CIR sai na frente, ocupando espaços estratégicos em instâncias maiores de negociação sobre mudanças climáticas. Vamos aproveitar cada oportunidade dada a nós, povos indígenas", explicou Sineia.

Durante o encontro, os participantes discutiram questões importantes e, com base em seus conhecimentos, responderam aos questionamentos sobre mudanças climáticas, perdas e danos, mitigação, mercado de carbono, transição justa, entre outros temas, e expressaram as perspectivas sobre os impactos dessas questões em suas comunidades.
Patricia Zuppi, assessora técnica internacional, apresentou um breve histórico da participação dos povos indígenas nas conferências climáticas da ONU, abordando os marcos, avanços e espaços relevantes, como as Salvaguardas de Cancun, o Acordo de Paris e a Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas.
Com destaque para o papel do Caucus Indígena neste processo de incidência climática internacional, Sineia, sua atual copresidente, explicou como esta Grande Assembleia Indígena Mundial do Clima se organiza e atua.

Com a perspectiva da realização da COP30 no Brasil em novembro, Sineia vê uma oportunidade de aproveitar este espaço historicamente articulado para levar as demandas do movimento indígena. Por sua trajetória na pauta climática, a coordenadora do DGTAMC acaba de ser nomeada como Enviada Especial de Povos Indígenas para a COP30.
Luciano Padrão, apoiador institucional do CIR, enfatizou a relevância da criação do Comitê no atual cenário que o mundo vive. “O CIR tem levado para esses espaços experiências incríveis na gestão dos territórios e na adaptação às mudanças climáticas. Mais uma vez, a organização se destaca com este Comitê. Estou à disposição para acompanhar as discussões e apoiar a iniciativa", destacou Padrão.
O Comitê é composto por representantes das dez regiões do estado e dos diversos departamentos do CIR. Com foco regional, nacional e internacional, sua finalidade é acompanhar de perto as políticas climáticas que afetam as comunidades indígenas.
A iniciativa conta com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS), que reforça a importância da colaboração entre organizações para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.