Reunindo mais de cinco mil pessoas das 11 regiões do Estado, a quinta edição do ATL/RR encerrou na noite desta segunda-feira (19) e foi um marco histórico na luta dos povos indígenas. Reafirmou a importância da união em defesa dos direitos, da vida e da preservação dos territórios para o bem viver dos povos indígenas.
Coordenadores regionais de tuxauas, mulheres e juventude, junto com as organizações, participaram da plenária avaliativa do ATL/RR, destacando os esforços e conquistas durante o evento.
"Estivemos aqui defendendo nossos direitos à educação, saúde, defendendo o nosso bem viver. Essa luta é antiga, e continuamos aqui resistindo, conquistando nossos espaços", desabafou Elinha Macuxi, liderança da região Serras.
"Aqui reforçamos a conquista do movimento indígena, com a primeira mulher indígena assumindo a coordenação do DSEI, e dizemos que movimento indígena é movimento indígena, e governo é governo", concluiu Gabriel Wapichana, liderança da juventude na região Amajari.
O acampamento encerrou com a leitura da carta do movimento indígena de Roraima, direcionada às autoridades, parlamentares e ao governo federal. O documento agradece pela nomeação da coordenadora do DSEI Leste/RR, Letícia Taurepang, e reforça que a luta não para.

O documento destaca as principais demandas que motivaram a realização do acampamento, que foram entregues às instituições estadual e federal.
Entre os pontos levantados, seguem as medidas efetivas pela defesa e proteção do território, o arquivamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48, de autoria do senador de Roraima Hiran Gonçalves, e requer a inconstitucionalidade da Lei 14.701/2023, conhecida como a Lei do Marco Temporal.
A carta pede respeito ao Protocolo de Consulta, reivindica a demarcação das terras indígenas Piririti, Anaro e Arapuá, e repudia o estudo para exploração do petróleo no rio Tacutu e a construção da hidrelétrica do Bem Querer — empreendimentos que ameaçam a vida indígena. Além disso, pede o encerramento da Câmara de Conciliação.
Ações importantes para a proteção dos direitos territoriais dos povos indígenas que refletem a urgência das reivindicações apresentadas durante o acampamento.
Ao final do evento, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) também apresentou uma carta de agradecimento, reconhecendo o esforço coletivo e a determinação dos participantes. A mensagem ressalta que, apesar dos desafios enfrentados, a luta continua e que cada um retorna aos seus territórios com parte da missão cumprida.
"Reafirmamos o nosso compromisso de seguir firmes na luta, defendendo a vida e os direitos indígenas. O CIR atua há 54 anos em defesa dos povos indígenas de Roraima. Seguimos, a luta continua", concluiu o Tuxaua Geral do CIR, Amarildo Macuxi.
"Eu quero agradecer aos coordenadores regionais que trouxeram seu povo. Voltamos pra casa com uma grande vitória sobre a saúde indígena. Mas a nossa luta continua. O Acampamento Terra Livre vai continuar dentro das comunidades. Se nós não defendermos os nossos direitos, ninguém vai fazer", disse o vice-tuxaua do CIR, Paulo Ricardo.
As mães também foram homenageadas, com uma linda mensagem de gratidão. Os participantes também saudaram as lideranças Aleixo Wapichana, Wei Tenente e Valexon Macuxi, que passaram três meses em formação pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
"Mães, mulheres e jovens, vocês são importantes pra nós. São exemplos a serem seguidos, forças guerreiras", expressou a Tuxaua Geral do movimento de mulheres indígenas de Roraima.
O primeiro Acampamento Terra Livre foi realizado em 2017 e, desde então, se tornou um espaço de luta e resistência dos povos indígenas de Roraima.
Leia a Carta Final do V ATL-RR:
CARTA FINAL DO V ATL-RR 2025