O GPVTI é uma das iniciativas que surgiu a partir das constantes ameaças e as dificuldades do estado brasileiro em fiscalizar os territórios. A preocupação das lideranças diante de várias omissões das instituições de segurança pública para atender as demandas das comunidades, levaram a constituírem em 2011 os primeiros grupos de monitoramento com algumas denominações como “fiscais”, “capatazes” e “guardas comunitários”. As principais atividades desenvolvidas pelos grupos foram a vigilância nos territórios, visando proteção mais efetiva dos moradores das comunidades indígenas.

No decorrer dos anos os grupos tiveram bons resultados de eficiência e resolveram em 2018 ampliar a rede de agentes comunitários que se organizaram com a denominação de Grupo de Proteção e Vigilância Territorial Indígena (GPVTI), para especificamente atuarem monitorando os territórios. Em 2019, durante a 48ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima as lideranças indígenas aprovaram a unificação do nome.

O grupo formado por homens, mulheres, jovens e lideranças tradicionais exercem suas atividades de forma voluntária e intercalada com as outras funções laborais nas suas comunidades para que assim seja assegurado a harmonia e a manutenção da organização social das comunidades indígenas.

O ano de 2019 é o marco para o primeiro Encontro Estadual dos Agentes de Proteção e Vigilância dos Territórios Indígenas, no qual as orientações, o compartilhamento das informações relativos as atividades de vigilância e a identificação de problemas como invasões e outros, foram os principais pontos debatidos e teve apoio do departamento jurídico do CIR que ajudou nas orientações acerca das atividades. O evento teve a participação das lideranças das regiões Raposa, Baixo-Cotingo, Tabaio, Serras, Serra da Lua, Murupú, Amajarí, Wai-Wai e Surumú.

No ano seguinte, em 2020, o contexto pandêmico da COVID19 tornou-se um dos momentos mais críticos das sociedades indígenas e o isolamento social se fizeram necessário para proteger a população da contaminação da grave doença. Desse modo, o GPVITI teve sua atuação mais intensa e mais importante em toda sua história, formando uma verdadeira barreira humana contra enfermidade que assolou todo o planeta. Após a flexibilização das medidas de combate da crise do COVID19, em 2022, foram realizados os dois Encontros Estaduais dos Agentes de Proteção e Vigilância dos Territórios Indígenas, realizados no mês de fevereiro e o terceiro e último encontro no mês de dezembro do ano citado, contando com a presença de representantes de órgãos importantes como MPF, MPE e da Segurança Pública estadual e federal, como PRF e PF.

Nesse último encontro, o diagnóstico realizado pelas lideranças constatou o aumento de invasões de garimpeiros nas terras indígenas da região leste de Roraima, agravada pela falta de plano do governo federal de combate ao garimpo no estado. O combate ao garimpo na terra Yanomami levou resultou no deslocamento de vários garimpeiros para a área de fronteira entre Brasil e Guiana, afetando as comunidades localizadas nas margens do rio Maú e Tacutu. O trânsito intenso de não indígenas, preocupa as populações nestas regiões com a entrada de drogas e bebidas alcóolicas. Diante dessa situação, o grupo intensificou a vigilância e tem realizado denúncias aos órgãos federais de fiscalização e à polícia do estado.

Objetivo: O GPVTI tem com eixo central a atuação no monitoramento e vigilância dos territórios indígenas, como também coibir quaisquer atos que ferem os costumes, organização social, modos de vida dos povos indígenas, além de coibir as invasões nos territórios indígenas de Roraima. Importante ressaltar que a atuação dos povos indígenas no monitoramento e vigilância territorial já existia antes de se consolidar os agrupamentos das lideranças ao GPVTI e que o cuidado com a “Mãe Terra” sempre ocorreu. Diante do crescimento da violência nos limites e dentro dos territórios, como, o avanço do narcotráfico, garimpo e invasões de grileiros e madeireiros, agravada pela dificuldade do estado de proteger os territórios indígenas, cada vez mais o trabalho de GPVTI se mostra necessário.

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