Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol
O Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, localizado na comunidade Indígena Barro, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município Pacaraima/RR, é um Centro particular de Base Comunitária cujo titular é o Conselho Indígena de Roraima (CIR). Tem seu Decreto de Criação e Resolução CEE/RR 002/05 de 19 de maio de 2005 e o Ato de Credenciamento Resolução CEE/RR nº 004, de 28 de março de 2006.
Está localizado na comunidade Indígena Barro, região Surumu, município de Pacaraima, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, declarada pelo Ministério da Justiça pela Portaria nº 534 e Homologada pelo Presidente da República no dia 15 de abril de 2005. É o território ocupado tradicionalmente pelos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Taurepang, Patamona e Ingarikó, e abrange a hidrografia dos rios Maú, Tacutu, Surumu e Miang no extremo Norte do Brasil, estado de Roraima Fronteira com a Venezuela 187 km da Capital de Boa Vista.
Atende jovens indígenas procedentes das regiões Serras, Surumu, Raposa, Baixo Cotingo, Amajari, Tabaio, Alto Cauamé, Serra da Lua, Wai wai, Yanomami e Murupu do estado de Roraima.
O Centro direciona a formação de jovens indígenas em Roraima, oferecendo conhecimentos e ferramentas que os capacitam a atuar como lideranças e referências em suas comunidades. Com uma leitura crítica da sociedade, o objetivo é fortalecer a organização social das comunidades, promover alternativas de autossustentabilidade para os povos indígenas do estado e contribuir para a construção de um futuro social, político e cultural pautado no Bem Viver.
É um dos espaços simbólicos e históricos, local que foram realizadas as assembleias de tuxauas no início da luta pela demarcação da TI Raposa Serra do Sol, como em 1971, a primeira assembleia geral doa Tuxauas.
Comunidades e lideranças indígenas vinham discutindo sobre a necessidade de avançar na construção de uma educação indígena específica e diferenciada. Um dos encontros marco desta discussão se deu no dia 25 de agosto de 1985, no Surumu, tendo como tema “Que escka temos? Que escola queremos?”. No contexto dessas discussões, em 1996, o CIR e a Diocese de Roraima iniciaram trabalhos de formação de jovens na Escola Indígena Surumu, que foi o precedente do Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol.
Entre 1996 e 2004, a Escola Indígena de Surumu ofereceu estudos de Ensino Médio e capacitação em agricultura e pecuária, estando vinculada administrativamente a outros centros educacionais existentes como a Escola Indígena Simini’yo, da comunidade indígena Cantagalo, centro responsável na época pela certificação dos estudos dos alunos de Surumu.
No período 2003-2004, a comunidade escolar, acompanhada de professores, assessores e lideranças indígenas, instituiu um processo para a formulação de um novo Projeto Político Pedagógico com base na modalidade de Ensino Médio Integrado com habilitação em Agricultura, Pecuária e Manejo Ambiental. A nova proposta inseriu também a Alternância, sistema no qual cada turma permanece o período de dois meses com acompanhamento técnicos práticos, participando de oficinas e intercâmbios relacionados ao contexto do Centro e, pelo mesmo período, retornam as comunidades com intuito de praticar e disseminar conhecimentos adquiridos.
O Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, constrói sua Proposta Pedagógica ao redor de três eixos fundamentais: TERRA, IDENTIDADE E AUTONOMIA.
1. TERRA como um direito originário que representa a própria vida indígena, sendo necessária para a sobrevivência física, cultural, ambiental e econômica dos povos indígenas, relacionando-se ao exercício de demais direitos fundamentais.
2. IDENTIDADE CULTURAL como riqueza referente de vida pessoal e social, no presente e no futuro, com uma perspectiva dinâmica.
3. AUTONOMIA como direito de determinar livremente sua condição política e buscar seu desenvolvimento econômico, social e cultural através sua própria auto determinação.
Mais de 150 jovens já foram formados e hoje atuam em suas comunidades, desempenhando funções essenciais na gestão territorial, ocupando cargos públicos em órgãos indigenistas, como Funai, além de exercerem papéis de liderança no Conselho Indígena de Roraima (CIR). Além disso, seguiram algumas carreiras como agrônomos e advogados, contribuindo diretamente para a defesa dos povos indígenas de Roraima