FORTALECIMENTO TRANSFRONTEIRIÇO: CIR RECEBE DELEGAÇÃO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS DO SUL DO RUPUNUNI, NA FRONTEIRA BRASIL-GUIANA

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), organização que atua há 54 anos na defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas, recebeu, na última sexta-feira (30), uma delegação composta por 13 lideranças indígenas do Sul do Rupununi, na fronteira Brasil-Guiana.

O encontro contou também com a participação dos tuxauas das comunidades Pium, Cachoeirinha do Sapo, São João, Jacamim, Marupá e Ponto 05, todas localizadas na região Serra da Lua, fronteiriça ao estado de Roraima.

O intercâmbio é fruto do fortalecimento das articulações entre os povos indígenas da fronteira Brasil-Guiana, que se intensificaram após a participação de uma liderança da comunidade Ambrósio, do lado guianense, na 54ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, realizada em março deste ano, na comunidade Malacacheta, na Região Serra da Lua.

Junior Nicácio, coordenador do Departamento Jurídico do CIR, foi o responsável por articular essa atividade. A partir desse diálogo inicial, ampliaram-se os diálogos e o interesse mútuo em construir estratégias conjuntas para a proteção dos territórios.

“Esse é um dia histórico. Em nome do CIR, me coloco à disposição para apoiar no que for preciso e estiver ao nosso alcance. Vamos fortalecer as organizações indígenas e manter o diálogo para futuras articulações”, expressou Nicácio.

Dr. Júnior Nicacio durante fala. (Foto: ASCOM/CIR).
Dr. Júnior Nicacio durante fala. (Foto: ASCOM/CIR).

Durante a programação, houve momentos de troca de experiências, diálogos sobre vigilância e proteção territorial, fortalecimento das articulações transfronteiriças e apresentação das atuações institucionais.

Foi realizada uma apresentação institucional do CIR, seguida da exposição feita por Sineia do Vale, coordenadora do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), que apresentou as ações de monitoramento e proteção territorial, uso de tecnologias, práticas de gestão e proteção ambiental nas comunidades, além de dialogar sobre os desafios, avanços e perspectivas na gestão ambiental indígena.

Sineia do Vale apresentando o Sistema de Monitoramento do DGTAMC. (Foto: ASCOM/CIR).
Sineia do Vale apresentando o Sistema de Monitoramento do DGTAMC. (Foto: ASCOM/CIR).

No período da tarde, as lideranças conheceram a mobilização do Movimento Indígena, que acontece há cinco dias no DSEI Leste/RR. Foram recepcionadas pela juventude, mulheres, homens e crianças com cantos e danças tradicionais. A tradução foi realizada pelo advogado Ivo Macuxi, convidado para contribuir nesse momento histórico.

“Eles estão maravilhados com o encontro e esperam que a parceria seja fortalecida, para apoio às ações nos territórios e, principalmente, para fortalecer o movimento da juventude, mulheres e outros”, explicou Macuxi.

As lideranças de Rupununi apresentaram a organização South Rupununi District Council (SRDC), que atua nas áreas de fortalecimento das mulheres, juventude e proteção territorial nas 21 comunidades habitadas pelos povos Macuxi, Wapichana e Waiwai.

“Nós estamos aprendendo muito com vocês. É muito importante dialogarmos sobre diversos temas, principalmente a proteção territorial, o enfrentamento ao garimpo ilegal e às invasões. Por estarmos bem na fronteira, queremos seguir com essa parceria para fortalecer também nossa organização”, destacou Paulínus Albert, Cultural Heritage Coordinator.

Lideranças do sul do Rupununi na Mobilização do Dsei Leste/RR. (Foto: ASCOM/CIR).
Lideranças do sul do Rupununi na Mobilização do Dsei Leste/RR. (Foto: ASCOM/CIR).

Na explicação da liderança, a luta dos povos indígenas do país vizinho é a mesma dos povos indígenas do Brasil: garantir a proteção e a demarcação dos territórios tradicionais.

Ao final do encontro, foram feitos encaminhamentos importantes, como: a realização do II Encontro dos Povos Indígenas de Fronteira, uma reunião preparatória sobre a Pré-COP 30, intercâmbios no Centro de Formação do CIR (CIFCRSS) e a realização de formações e intercâmbios com os departamentos do CIR, como o Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC), o Departamento de Comunicação e o Departamento Jurídico.

O fortalecimento das alianças reafirma o compromisso dos povos indígenas do Brasil e da Guiana na defesa dos territórios, na proteção da biodiversidade e na garantia dos direitos coletivos.

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