V OFICINA DE MÚSICAS E ARTES INDÍGENAS: SABERES COMPARTILHADOS ENTRE JOVENS MANTÉM VIVA CULTURA INDÍGENA

A V Oficina de Músicas e Artes Indígenas, foi realizada entre os dias 13 e 16 de fevereiro, no Centro Regional Lago Caracaranã, região Raposa, T.I Raposa Serra do Sol, município de Normandia.

Aproximadamente 200 Jovens das regiões Raposa, Baixo Cotingo e Serra da lua participaram das atividades, a partilha de saberes envolveu oficina de grafismo indígena com jenipapo, pinturas visuais das artes indígenas, produção de artesanatos com fibras, sementes, miçangas, tipoias, rede de algodão, oficina de canto, violão, técnica de som, além das oficinas de taekwondo e capoeira.

Produção de matéria prima com jenipapo para grafismo indígena.
Produção de matéria prima com jenipapo para grafismo indígena.

Na oficina de fortalecimento de grafismo indígenas como proteção e medicina espiritual e ancestral com jenipapo, os participantes estavam atentos a produção da tinta e as orientações das professoras Bruna Macuxi e Daya Roraima, “ o líquido pode ficar ralo, nesses casos alguns povos indígenas usam carvão para deixar mais consistentes, os talos para fazer as pinturas podem ser encontrados facilmente na natureza, aqui temos talos de coqueiro, eles devem ser grossos e finos para fazer a finalização do grafismo”, afirmaram as professoras.

Nas demais oficinas também foi assim, a de pintura visual das artes indígenas em tecidos e telas, os instrutores eram todos indígenas, Vinicius Kenede, do povo macuxi, era um deles, morador da comunidade indígena Raposa I, destacou a importância de repassar os conhecimentos aos demais jovens, pontuando como inspiração o artivista  Jaider Esbell.

Oficina de pintura visual das artes indígenas em tecidos e telas.
Oficina de pintura visual das artes indígenas em tecidos e telas.

“Eu recebi o convite para ser instrutor na oficina, e estar aqui é uma maneira importante resgatar e preservar as nossas histórias, paisagens a nossa forma de ver o nosso mundo, eu comecei a fazer pintura em tela em 2015, inspirado por Jaider Esbell, ele me apresentou a pintura em tela e a tinta acrílica, a partir daí as minhas artes começaram a ganhar cores”, explicou o artista.

O jovem Rivas Macuxi, participou da oficina pela segunda vez, na quarta edição foi aluno e agora instrutor, ele reforçou que a participação da juventude é fundamental para aprender e valorizar a cultura indígena.

“É muito importante trazer a juventude para que elas ouçam e falem cada vez mais sobre a nossa cultura, não só nas escolas ou nas comunidades, mas, em todos os cantos levando o que temos de melhor, como por exemplo os nossos artesanatos”, pontuou macuxi”.

Planejada em 2017, pela coordenação dos jovens da região Raposa, para fortalecer a cultura indígena.  O  sonho saiu do papel em 2018, mas, devido a pandemia da COVID-19, ficou um tempo sem acontecer, voltando com tudo nos anos anteriores e com a grande participação dos jovens de outras regiões, como explicou a estudante de direito Carla Jarraira, que está a frente da coordenação da oficina desde a primeira edição.

“A oficina vem fortalecer a nossa cultura, para que os jovens possam aprender e repassar os conhecimentos aos demais como sempre foi desde o início, e a quinta oficina trouxe como novidade a produção da rede de algodão, a oficina de capoeira e taekwondo, lembrando que os instrutores são todos voluntários indígenas e não indígenas, pontuou Jarraira.

Oficina de Taekwondo
Oficina de Taekwondo

Os alunos destaques na quinta edição, irão participar de intercâmbio e  apresentar os trabalhos no museu de artes contemporânea  no estado de São Paulo, com a apoio da pró-reitora de inclusão e pertencimento da universidade de São Paulo (USP), conforme explicou Reinaldo Oliveira, que faz parte da comissão organizadora da oficina e  doutorando em antropologia social na instituição.

“O apoio para isso, veio por meio do projeto “ Nossa Cultura”  direcionado para os jovens que eu e outro colega escrevemos por meio do edital disponível na pró-reitora de inclusão e pertencimento da universidade, os selecionados irão para São Paulo  participar do  encontro de dois povos com troncos linguísticos caribe, com o povo kurâ bakairi do Mato Grosso, será uma troca de conhecimentos muito importante para todos”, finalizou Oliveira.

As técnicas e as produções feitas durante as oficinas, foram expostas no último dia de programação.

 O evento foi realizado com apoio do Departamento da Juventude do Conselho Indígena de Roraima, das comunidades da região Raposa, instrutores voluntários e prefeitura de Normandia.

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