REFERÊNCIA EM PLANOS DE ENFRENTAMENTO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, CIR E COMUNIDADES INDÍGENAS LANÇAM MAIS DOIS PLANOS: AMAJARI E TI RAPOSA SERRA DO SOL

No ano da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no Brasil, a COP 30, evento global que será realizado em Belém (PA), no mês de novembro, o Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas, o Caucus Indígena, será copresidido pela liderança indígena e coordenadora do Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas (DGTAMC) do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Sineia Bezerra do Vale, do povo Wapichana. Essa conquista é um momento histórico para os povos indígenas de Roraima e do Brasil, tendo mais uma vez, depois de Joenia Wapichana, a copresidência de uma instância importante e estratégica como o Caucus Indígena. 

Será também um momento ímpar para apresentar à sociedade global as práticas tradicionais dos povos indígenas, principais guardiões do planeta, utilizadas no enfrentamento às mudanças climáticas.

Nesse sentido, os povos indígenas de Roraima estão no topo das referências e incidência global, tendo como principais instrumentos os planos de enfrentamento às mudanças climáticas construído pelas comunidades indígenas, com a coordenação do CIR e apoio de parceiros.

Para compor as edições de planos, mais dois foram lançados pelo DGTAMC do CIR e as comunidades indígenas, durante a 54ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima. Foram os Planos de Adaptação Indígena das seguintes regiões e terras indígenas: Plano de Enfrentamento a Transformação do Tempo da Região Amajari e da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

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O primeiro Plano de Enfrentamento às Mudanças Climáticas foi da região Serra da Lua “Amazad Pana´adinhan - Percepções das Comunidades Indígenas sobre Mudanças Climáticas”, lançado em 2015. Desde então, tem sido uma das principais referências no âmbito nacional e global nas discussões sobre povos indígenas e mudanças climáticas.

O plano da região Amajari contempla 8 terras indígenas, 20 comunidades e uma população de aproximadamente 4 mil indígenas. Já a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, uma das maiores terras indígenas do Brasil, com 1.743 milhão de hectares, compreende os municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã. Fazendo fronteira com a Venezuela e Guiana, a Terra Indígena é dividida em 4 regiões: Raposa, Serras, Surumu e Baixo Cotingo.

De acordo com os dados do Distrito Leste de Roraima de 2024, a população indígena da Raposa Serra do Sol chega a mais de 33 mil indígenas.

Ambos os planos foram realizados por Agentes Territoriais e Ambientais (ATAIs) de cada região, respeitando percepções e perspectivas das Comunidades, tendo enfoque na relação entre os povos indígenas e a transformação do tempo em diferentes contextos culturais e ambientais.

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“O trabalho que a gente fez sobre a adaptação às mudanças climáticas foi feito vendo o que aconteceu de vinte anos atrás até o dia de hoje. O que mudou no tempo? Quais são as mudanças que a gente viu que aconteceram durante esses vinte anos? Então, o trabalho que fizemos foi através de entrevistas com os anciões, perguntando o que eles tinham visto, o que mudou para eles nas comunidades indígenas. Aí, cada ATAI na nossa região ficou encarregado de fazer a pesquisa em três comunidades, outros com as comunidades maiores”, afirmou Francilene Campino, do povo Taurepang, coordenadora de ATAIs da comunidade Araçá, região Amajari.

De acordo com a coordenadora do DGTAMC, Sineia do Vale, do povo Wapichana, o CIR tem produzido, os planos de enfrentamento às mudanças climáticas, e traz a experiência dos povos indígenas que têm feito uma percepção de como o tempo tem modificado e como isso tem impactado diretamente nas comunidades indígenas.

 “Então, todo esse aprendizado, todos esses planos, estão dentro desses planos que nós estamos lançando. Lançamos o primeiro, em 2015, que foi da região Serra da Lua. Estamos lançando, em 2025, o plano de enfrentamento às mudanças climáticas da terra indígena Raposa Serra do Sol, uma das terras indígenas mais emblemáticas do Brasil. Lançando agora nesse momento também da região do Amajari”, explica Sineia.

E ainda de acordo com Sineia, os Planos de Enfrentamento a Transformação do Tempo, é um dos temas mais relevantes para se levar a COP30 que ocorrerá no Brasil, é a adaptação desse plano. “Para chegar nessa discussão na COP30, para além do financiamento climático, nós estamos levando para essa COP os mecanismos construídos pelos povos indígenas de Roraima, o plano de adaptação indígena ou plano de enfrentamento às mudanças climáticas. Porque sabemos que a agenda de ação do governo é floresta e povos indígenas. Então nós estamos apresentando como ferramenta de discussão e, também de implementação dos planos de adaptação indígena durante a COP30”,

Histórico

Desde 2015 os planos começaram a ser desenvolvidos. O primeiro foi das comunidades da região Serra da Lua, que fica entre os municípios de Cantá e Bonfim, sendo destaque internacional pelo pioneirismo, e sendo a criação dos planos realizados na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que iniciou 2019, e na região Amajari, em 2023.

A região Amajari é composta por 8 terras indígenas onde vivem 20 comunidades indígenas e uma população de aproximadamente 4 mil pessoas.

Já Terra Indígena Raposa Serra do Sol, é uma das maiores terras indígenas do Brasil, com 1.743 089 hectares e 1.000 quilômetros de perímetro e está localizada no estado de Roraima, nos municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã, entre os rios Tacutu, Maú, Surumu, Miang, na fronteira com a Venezuela e Guiana. A Terra Indígena é dividida em 4 regiões: Raposa, Serras, Surumu e Baixo Cotingo, e em 2019 somavam juntas uma população de 26.048 pessoas e mais de 150 comunidades coordenadas pelo CIR.

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