LIDERANÇAS DA REGIÃO MURUPU CONSTROEM CALENDÁRIO ETNOECOLÓGICO EM OFICINA PROMOVIDA PELO DEPARTAMENTO DE GESTÃO TERRITORIAL, AMBIENTAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS DO CIR

Cerca de 10 lideranças indígenas que são Agentes Territoriais e Ambientais Indígenas (ATAIs), da região Murupu, participaram da formação que buscou entender a dinâmica do território das lideranças a partir do Calendário Etnoecológico mensal, construído durante a oficina.

No primeiro momento foram feitos rascunhos e desenhos da região, destacaram se os meses das áreas de plantio, acesso à água potável, áreas de caça, de preservação entre outros.

Produção do calendário etnoecológico.
Produção do calendário etnoecológico.

O calendário faz parte ainda do plano de enfrentamento às mudanças climáticas, que vem afetando e mudando a rotina da região.

Del Wekelenson da Conceição Bezerra, segundo Tuxaua da Comunidade Indígena Anzol, relatou um pouco o que a região vem passando, além de ver as alterações climáticas no território com preocupação, segundo a liderança a forma de trabalho mudou, não é mais como na época dos ancestrais, o excesso de chuva ou a falta dela  tem prejudicado  os serviços comunitários, outro situação relatada é sobre os impactos da soja na comunidade.

Estamos construindo esse calendário etnoecológico dada a importância do que vem acontecendo no mundo nesse tempo, essa mudança climática de uns anos para cá vem afetando muito a nossa organização social, quando a chuva é muita num ano, no outro ano a chuva é pouca. O clima muda de uma comunidade para outra, tem inverno que chove numa determinada comunidade mais do que nas outras sendo na mesma região, temos ainda o impacto da soja já criticamos denunciamos essa interferência que a soja faz na nossa comunidade, como nos igarapés que nunca secavam, hoje já secam”, refletiu o Tuxaua.

Bezerra relatou ainda que peixes e caças têm sido escassos, disse ainda que espécies invasoras como porco-do-mato têm entrado no território trazendo consigo predadores como a onça, está em especial  sempre se manteve a média distância das comunidades da região.

“E hoje também tem novas espécies de animais que não existiam na nossa região, então, acho que um problema acarreta o outro, nas cinco comunidades, estamos sofrendo muito com as consequências das mudanças climáticas”, Frisou Del Wekelenson.

A liderança ressaltou ainda que enquanto os povos indígenas se preocupam em preservar o meio ambiente o território, a ganancia das demais pessoas destrói os lavrados para plantar soja e outros grãos.

Tuxaua segurando seu calendário etniecológico.
Tuxaua segurando seu calendário etniecológico.

Genisvan Andre técnico de SIG, que compõe o Departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas do Conselho Indígena de Roraima, destacou a importância da oficina e o conhecimento in loco das lideranças.

“Estamos com nossos agentes ambientais, elaborando uma estratégia de mudanças climáticas, com levantamentos de dados para podermos construir o calendário etnoecológico. Aqui participam lideranças de cinco comunidades da região Murupu entre elas Serra do Truaru, Truaru da Cabeceira, Serra da Moça, Anzol e Morcego.”

Ainda segundo Genisvan o calendário vai contribuir para o planejamento das futuras ações, seguindo os conhecimentos das lideranças sobre as mudanças climáticas em suas terras.

“O objetivo geral é construir esse plano para esses extremos os quais estão ocorrendo. A região Murupu é uma das Terras Indígenas que está trabalhando neste esquema. A primeira T.I foi da Serra da Lua, segundo Raposa Serra do Sol e terceira está sendo agora aqui no Murupu e a próxima será região Amajari”. Finalizou Genisvan.

Planejamento de futuras ações diante das mudanças climáticas.
Planejamento de futuras ações diante das mudanças climáticas.

As lideranças farão o levantamento sobre mudanças climáticas da região Murupu,a atividade é chamada de Plano de Enfrentamento das Mudanças Climáticas, assim que terminado será publicado.

Promovida pelo departamento de Gestão Territorial, Ambiental e Mudanças Climáticas do CIR, atividade foi realizada nos dias 18 e 19 de fevereiro, no auditório Lindalva Macuxi, da instituição.

A Região Murupu possui uma população total de 1.423 pessoas, composta principalmente por indígenas dos povos Macuxi e Wapichana, em 05 comunidades e está localizada a cerca de 67km de Boa Vista. (dados DSEI-LESTE RR).

Fotos: ASCOM/ CIR

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